O escândalo do perdão


Qualquer pessoa que aceita uma trégua moral enfrenta a ameaça do escândalo do perdão. Quando me sinto ofendido, invento uma centena de razões contra o perdão. Ele precisa aprender uma lição. Não quero incentivar um comportamento irresponsável. Vou deixá-l na geladeira por um tempo; vai lhe fazer bem. Ela precisar aprender que ações têm consequências. Eu fui a parte ofendida - não cabe a mim dar o primeiro passo. Como posso perdoar se ele nem sequer está arrependido? Organizo meus argumentos, até acontecer alguma coisa que derruba minhas resistências. Quando finalmente amoleço a ponto de perdoar, parece uma capitulação, um salto da sólida lógica para um sentimento mole.

Por que dou o salto? Um fator que me motiva a perdoar é que, como cristão, tenho ordens para perdoar, como o filho de um Pai que perdoa. E consigo identificar três razões pragmáticas.
Primeiro, somente o perdão consegue interromper o ciclo da culpa e da dor, interrompendo a corrente da não graça. Sem ele, nós permanecemos presos, às pessoas a quem não podemos perdoar, presos em suas sagazes garras. Segundo, o perdão afrouxa o golpe estrangulador da culpa em quem a causou. Ele propicia a possibilidade de transformação da parte culpada, mesmo que uma punição justa ainda se faça necessária para reparar a ofensa. E, terceiro, o perdão cria uma ligação extraordinária, colocando quem perdoa no mesmo nível de quem cometeu a ofensa. Por meio dele, percebemos que não somos tão diferentes do autor da ofensa quanto poderíamos pensar. "Também sou diferente daquilo que me imagino ser. Saber disso é perdão", disse Simone Weil.
O perdão - imerecido, indevido - pode cortar as amarras e deixar o peso opressivo da culpa desaparecer. O Novo Testamento mostra um Jesus ressuscitado conduzindo Pedro pela mão através de um tríplice ritual de perdão. Pedro não precisar passar a ida inteira com o aspecto culpado, envergonhado, de quem traiu o Filho de Deus. Ah, não. Sobre as coisas tais pecadores transformados, Cristo construiria sua igreja.
Maravilhosa Graça 
Esse é o texto do dia 19 de julho do devocional "Sinais da Graça", do autor Philip Yancey.

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